segunda-feira, 21 de março de 2011

Capítulo 1

O Estranho

Eu não vou contar a minha história agora, eu faço isso depois, vou contar a da minha mãe que sinceramente é mais interessante que a minha, o nome dela era Kill Wane e era de uma beleza inumana, seus cabelos negros se misturavam perfeitamente com a escuridão da noite, adorava a noite era a única hora do dia que não precisava esconder o que era, então passava a madrugada andando pelas ruas, subindo em prédios, atravessando cidades, procurando sangue fresco, vítimas fáceis. Mas é de manhã que a minha história começa...

Kill sentiu os raios de sol em seu rosto e fechou a cortina rapidamente, luz ultra violeta era muito desagradável, foi ao banheiro e lavou o rosto, já estava em casa, trocou de roupa porque iria atrair muita atenção com aquela roupa de couro. Mesmo sem poder comer e sua única fonte de alimento sendo aquele requisitado líquido vermelho, ela gostava de ir a lanchonete de manhã se sentia um pouco mais normal fazendo isso, sempre escolhia a mesa do canto direito debaixo da janela e se sentava para ler o jornal do dia. Até que nesse dia entrou um homem, bem homem não, um jovem de vinte e poucos anos, era bem alto, tinha a pele que lembrava uma xícara de chocolate quente e trazia esse sentimento de aconchego consigo. Ele estava um pouco machucado, alguns arranhões finos nos braços e um corte bem fundo na mão, como se tivesse segurado uma faca pela lâmina, a garçonete se aproximou dele com um sorriso enorme no rosto, flertando, ele era realmente muito bonito, o jovem pediu apenas uma xícara de café, forte, sem leite ou açúcar, sem nada. Tirou do bolso um pequeno frasco, de um líquido transparente, que pelo cheiro Kill deduziu que fosse água benta, conhecia bem esse cheiro, água benta é como álcool para vampiros, sendo um pouco difícil de embriagar um, tem os mesmos efeitos se consumido em enormes quantidades.O jovem começou a passar em suas feridas que pareciam fechar, Kill começou a pensar que talvez tenha se esbarrado com um inimigo, um lobisomem e por mais perigoso que fosse algo nele a atraía, sem ser sua beleza, talvez fosse o sentimento de paz que transmitia, não podia sair de lá sem saber ao menos seu nome, pensou em mil maneiras de descobrir sem que ele desconfiasse, impossível. Levantou do banco em um salto, atordoada com seus pensamentos quase insanos e sem perceber foi no momento que ele também havia levantado, se esbarraram e o impacto foi tão grande que fez as janelas de vidro da lanchonete tremerem. Os dois se encararam por alguns segundos:

- Desculpa, eu não te vi – disse Kill um pouco assustada

- Tudo bem, se machucou ? – o estranho perguntou, olhando dentro de seus olhos como se soubesse o que ela era, desconfiado.

E sem perder a oportunidade, Kill tinha a brecha que precisava:

- Não, eu to bem é... Kill, prazer...

- Prazer, Caleb – ele respondeu sorrindo – Não quer sentar um pouco?

- Não, obrigada estou meio ocupada agora.

Ela saio da lanchonete com a voz dele em sua cabeça e uma sede fora do normal, o sangue de Caleb corria pelo seu corpo tão rápido, tão quente e tinha um cheiro tão doce que despertou os instintos mais sombrios dela, precisava se alimentar, entrou no beco atrás da lanchonete aonde havia um menino de rua brincando com algumas pedrinhas pelo chão, fora de si ela o atacou e só percebeu quando já estava feito e não deu muita importância ser boa nunca foi um ponto forte, afinal era um vampiro, descendente de Caim, não um anjo.

Depois correu para ver Lucas, seu informante um banco de dados, ele era uma alma perdida, havia sido amaldiçoado pela morte, que o esquecera. Lucas estava em seu trailer ao norte da cidade, em um campo vestido de verde e rodeado por enorme árvores que serviam de proteção, Kill nem precisou bater na porta, estava aberta:

- Oi... Preciso de umas informações

- Algo novo sobre o paradeiro dos seus pais? – Lucas tentou adivinhar

- Não, não, desisto deles como o círculo interno me disse, devem estar mortos a uma altura dessa. Só tenho um nome e um rosto, Caleb, quero ficha policial, idade, CPF, endereço, raça, tudo.

- O que é ? vampiro ? tá afim dele ? – irritar Kill era uma espécie de passatempo

- Não, idiota. Lobisomem. – Kill respondeu com seu sorriso de lado

- Hum, é que quando pede esse tipo de informação... peraí, lobisomem ? O que você quer com um lobisomem ? – disse Lucas arregalando os olhos

- Só faz o que eu te pedi, droga. Tenho que ir, me ligue.

Ela foi para casa, seu apartamento que era cercado por janelas de vidro e cortinas cor de vinho que se fechavam de dia, Kill tinha como passatempo olhar através delas, de dia ou quando se sentia entediada, observar as pessoas e deduzir coisas sobre elas, era boa nisso. Sua rotina não tinha nada de especial, as vezes gostava de cuidar da empresa de seus pais. Dinheiro, foi o que restou de sua família, ela era de uma raça pura os vampiros estão em sua família por gerações e resta muito dinheiro quando se vive por mais de 100 anos, talvez a palavra viver não seja muito correta para usar, enfim seja lá o que nós façamos. Kill nunca achou que ser um vampiro era uma maldição,pensava ser um privilégio uma raça superior essa opinião mantinha escondida, porque os outros não pensavam assim e viviam lamentando, Kill queria poder se lembrar da primeira vítima, mas era apenas um bebê com pele de cetim aonde um coração batia lentamente. Kill se deitou na enorme cama com lençóis cor de creme, que contrastava com as cores escuras do restando do quarto, pensava em Caleb, só de pensar em seu nome era capaz de sentir um gosto amargo na boca, o nome não vinha com som, eram apenas letras e ecoava no silêncio da cabeça de Kill, o silêncio de não ter o que sentir quando não se quer sentir o que se sente, pensava em um jeito de reencontrá-lo. ‘’Será que essa merda de amor a primeira vista existe mesmo ? puf amor, olha eu falando de amor...’’ pensava, duvidando disso, talvez fosse só sua atração pelo perigo falando mais alto e o barulho do telefone interrompeu seus pensamentos, era Lucas:

- Oi, achei umas coisas – Disse ele ansioso

- Pode falar então – Respondeu Kill

- Ele tem 22 anos de aparência mas 52 na verdade, é uma espécie de matador de aluguel, assim como você, fez algo de errado e foi expulso de seu clã. Nada de endereço ou outras informações, pelo que me parece é um andarilho.

- Hum, você acha que ele é procurado pelo conselho do clã ? – Perguntou Kill, vendo que ele também não tinha bons princípios

- Claro que sim, lobisomens foram criados para praticar o bem, proteger os humanos e se algum deles faz algo de errado, tem que ser punido – Respondeu Lucas

- Foi o que eu pensei, bem está escurecendo e minha geladeira está vazia

- É e você não gosta das porcarias artificiais – Lucas completou sua frase

- Exato, eu vou indo.

- Qualquer coisa me grite, beijos.

Kill estava disposta a encontrar o estranho que a causou tal fascinação, passou a noite procurando na sua cidade, nas cidades vizinhas também, em cada esquina, cada beco, em todo bar, cabarés e entrou até nos bares entupidos de lobisomens e não foi só essa noite, foram várias até que se passaram messes, quando Kill se deu por si nem ela sabia quantos se passaram 2 talvez até 3, desistiu e retomou sua antiga rotina. Aceitou o convite de um velho amigo de seu pai para um jantar, colocou um belo vestido branco de apenas uma alça, a roupa deixou mais parecida com uma escultura de gelo, docemente esculpida com todo cuidado do mundo e foi ao encontro de Jean Rusfild, fundador do hospital da cidade, não impressionava que um vampiro esteja por trás da fundação de um hospital, hospitais são sinônimo de sangue e sangue é sinônimo de poder. Se sentaram em uma mesa no centro do restaurante, embaixo de um lustre que iluminava boa parte do ambiente, o dono do famoso restaurante também era um vampiro então poderiam tomar taças e taças de sangue sem ninguém estranhar.

- Tudo bem Kill? Parece preocupada e eu não gosto de te ver assim, seu pai também não gostaria...- Como Jean era muito amigo de Araum Wane,pai de Kill, se sentia na responsabilidade de cuidar dela, que não gostava nada disso.

-Tudo ótimo, talvez um pouco de tédio, quando se vive para sempre tem que ser criativo para não cair em uma rotina. – Kill falou disfarçando o motivo verdadeiro.

- Ah sim... Mas eu te convidei para jantar porque tenho alguns problemas fora do país, algo que você poderia investigar e resolver para mim, um atentado a nossa cede na França, você aceita ?

- Seria interessante, porque não ? - Respondeu Kill.

- Na manhã seguinte seguia para a França mas ficou apenas dois dias lá investigando, juntando as peças e fazendo as perguntas certas para as pessoas certas, descobriu que os lobisomens agiram daquele jeito porque uma vampira mimada invadiu um bosque deles, quebrando um pacto de fronteiras, por causa de uma espécie de flor esse era o tipo de coisa que deixava Kill com raiva, muita raiva. A habilidade que minha mãe tinha em montar quebra cabeças era impressionante algo que eu não herdei infelizmente.

Uma notícia que chegou a ela foi que o supremo dos vampiros havia previsto que uma guerra se aproximava entre o bem e o mal, o supremo, Elion, é como um oráculo embora o único problema de ver o futuro era que ele mudava assim que fosse visto a guerra acontecia todas as vezes que era consultado, apenas o motivo se modificava ou seja todos os vampiros estavam em alerta para qualquer ato suspeito, claro que Kill achava que isso uma bobagem.

E o telefone tocou:

- Oi K, é o Lucas, vai fazer o que hoje ? -Lucas falou despreocupado, também não acreditava nessa história de apocalipse

- Oi L, não vou fazer nada mas queria sair para beber um pouco, tomar um ar...

- Então vamos, te encontro daqui a uma hora em Columbine, naquela praça perto do metro – Um lugar que Lucas adorava.

- Tá, beijos. – Kill desligou.

Uma hora depois, Kill chegou na praça e Lucas já estava lá sendo mais pontual que a vampira, a praça era bem alegre com muitos bancos e mesas de pedra , flores e árvores. Conversa vai e conversa vem quando Lucas tenta entrar no assunto que Kill evitava a todo custo:

- Então você desistiu ?

- Desisti de que ? – Kill respondeu já sabendo aonde ele queria chegar.

- Do estranho do café, Caleb.

- Ah sim, é não achei ele mas ainda não desisti.

- Sei bem como você é persistente e teimosa, tem o gênio do seu pai. Porque aqueles caras não param de olhar para você ? – Lucas se referiu a um bando de garotos a umas mesas de distância deles com garrafas de cerveja.

- Conheço eles de algum tempo atrás, quando eu era uma iniciante. Conheço melhor ainda o mais alto, tive uma paixãozinha por ele que nunca me deu bola, me achava criança de mais, mal sabe a raiva que ainda guardo junto com minhas presas. –Tinha um tom de ironia na voz de Kill que deu um belo sorriso macabro, mostrando que havia superado o passado, se é passado é porque tem que ficar no passado.

- E tenho certeza de que pelo jeito que te olha não acha mais que você é uma criança ingênua –Disse Lucas dando o mesmo sorriso macabro.

- Sim, pelo visto... enfim, eu estou com sede.

- Vou buscar umas bebidas, o que vai querer ? –Lucas disse olhando ao redor tentando achar algum bar aberto.

- Tem um bar ali atrás da placa do metro que pelo símbolo é de propriedade vampiresca. Eu vou querer vodca com sangue, pouca vodca muito sangue.

- Certo, já volto. – Lucas pegou a carteira e o celular que estavam em cima da mesa de pedra e saio.

Kill também se levantou e vou em direção ao pequeno grupo de garotos, eram cinco e todos rostos conhecidos por Kill, rostos que a traziam vontades obscuras como homicídio, perseguição e tortura psicológica. O mais alto, o que Kill conhecia melhor acenou para ela e ela com seu jeito de caminhar angelical que mais parecia flutuar no chão manchado de concreto foi se aproximando e retribuiu o aceno com um oi morto e baixo, logo depois surgiu uma conversa:

-Nossa quanto tempo, você mudou, cresceu bastante. - Falou o mais alto olhando Kill de cima a baixo procurando alguma imperfeição, mas não encontrou. O nome dele era Victor já o sobrenome eu não sei.

-Quem não mudou nada foi você – Disse Kill, ‘’nem seu caráter mudou’’ , pensou ela.

-Agora você já está ocupada né? E depois? Será que tem um tempinho para mim?

-Claro, é só me esperar – Kill falou já se afastando quando viu Lucas sair do bar.

- Eu espero – Victor gritou quando ela já estava longe.

Lucas já havia se sentado com as duas bebidas, uma branca com limões e a outra vermelha e é claro que a vermelha era de Kill.

- Pronto, voltei. E pelo visto já arrumou programa para hoje. – Disse Lucas rindo.

-Sim, eu arrumei e você com esse ouvido de tuberculoso... – Os dois riram mas as intenções de Kill não provocariam risadas em Victor.

A noite passa, depois de muita conversa e muita risada Lucas começa a bocejar e como o mortal que é, precisa voltar para o trailer para dormir, apesar de não envelhecer ainda tem as necessidades de um ser humano mas Kill tinha o resto da madrugada pela frente para se divertir. Ela se despediu de Lucas que foi embora e se dirigiu a Victor que ainda esperava alguns metros de distância.

domingo, 19 de setembro de 2010

miniconto #1

Agua Escarlete
Abriu o chuveiro, tirou sua roupa, verificou se a água estava quente o suficiente e entrou. O banheiro era amplo, tinha uma combinação de marfim e branco, só não era mais branco que sua pele pálida. Ensaboou suas belas curvas, começando de baixo para cima, enquanto o chão do boxe se tornava vermelho, de um sangue aguado. Sentiu o cheiro, amargo com o fim doce, que tanto lhe tentava, era dele, inconfundível :
- Você tem alguma noção do que faz ?- perguntou ela
- Claro que tenho, se não teria entrado ai e... - e um sorriso debochado e sedutor abriu no canto da boca dele
Ela ri
- Rindo porque ?!
- De como você é vulnerável a mim, de como sou a sua criptonita - ela responde
Ela termina o banho, pega a sua toalha e começa a se secar, dessa vez de cima para baixo, ele só observava.
- Você faz como se pedisse para eu te tocar - disse ele finalmente
- Talvez.. mas se tocasse, eu iria gritar e...
- De prazer ?
M.C

sábado, 13 de março de 2010

sem mais.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

estava aqui nos rascunhos:


De manhã:
- Vamos nos ver mais tarde, te procurarei.
Disse o menino dos olhos de mel, que amava a menina dos olhos negros.Negros, profundos e indecifráveis como ônix, eles se completavam, e ao mesmo tempo eram opostos, como preto e o branco. O dia estava quente, então a menina já esperava uma noite quente, mas não ligava pro tempo, tendo o seu menino dos olhos de mel, ela não ligava pra mais nada.
O dia foi passando, ela esperou...
15:01 - nada
16:30 - nem sinal dele
17:00 - nem um telefonema
18:21 - ela decide não ligar pra ele
19:00 - o dia se vai, e ele não vem
20:05 - a noite quente cai
21:00 - ela desiste
a menina dos olhos negros se viu sozinha no mundo, com aquele calor insuportável do verão, sentia seu coração pequeno e frágil derreter, se deitou em sua cama contendo as lágrimas, sua mãe perguntou se era dor de cabeça, se queria algum remédio e ela disse que não, mas na verdade queria responder:
- tem algum remédio para corações partidos? algum que devolva o carinho que se perdeu?e o meu menino,algum remédio pode trazer?
Desistiu, deixou a escuridão tomar conta do quarto quente, abafado em meios soluços descansou seus olhos belos e negros, o travesseiro de linha fina lhe fez companhia em seu doce sonho, onde o seu menino dos olhos de mel vinha e de onde ela não queria acordar.
Agora te digo que a menina dos olhos negros sou eu, prefiro a doce ilusão de que meu menino veio, do que a dor de saber que não veio, e talvez nunca venha. Agora confesso que ainda estou a esperar.
(photo de monislawa.deviantart)
star.black

terça-feira, 29 de dezembro de 2009


2009 me ensino que milagres acontecem,
e porque eu acredito em milagres ? porque eu tenho ele
<3

sábado, 26 de setembro de 2009






Havia gente por toda parte na rua da cidade,
mas o forasteiro não poderia sentir-se mais só
se ela estivesse deserta.

- do livro A Menina que Roubava Livros, pág.412

terça-feira, 28 de julho de 2009